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Blog que retrata sobre os mais diversos
assuntos de Psicologia e suas abordagens.
Acadêmicos: Alessandra Schindler,
Giane Assmann, Luciane Pillar e Mateus
Kratz.






quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Reflexão Crítica - Olhar, ouvir e escrever

Por Alessandra Schindler

Então... Mais um texto que me chamou a atenção na aula de Psicologia Social, "O trabalho do antropólogo" de Roberto Cardoso de Oliveira, mais especificamente o capítulo 1, que fala sobre "olhar, ouvir e escrever". É uma reflexão crítica simples, mas espero que gostem e se tiverem a oportunidade ler o livro (ou o capítulo) tenho certeza de que vão adorar! A Psicologia não anda sozinha somente com suas abordagens, diversas áreas de conhecimentos estão interligadas.



 
O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever



“Olhar, ouvir e escrever” são três vertentes utilizadas em diversos aspectos de nossas vidas, naturalmente, que no campo da antropologia e as demais ciências sociais, utilizar-se destas simples ferramentas é imprescindível para pesquisas de diversos feitios, como é explicado pelo autor Roberto Cardoso de Oliveira. Fico pensando na colocação de Oliveira, ao afirmar que “olhar, ouvir e escrever”, são consideradas faculdades do entendimento sócio-cultural, que são inerentes ao modo de conhecer das ciências sociais. Se for parar para analisar, ele está certo. São coisas que fazemos no nosso dia a dia, mesmo que não esteja voltado para a pesquisa. Neste caso, Oliveira os chama de atos cognitivos de natureza epistêmica.

Sobre o “olhar”, entendi que é utilizado como primeira ordem para realizar a investigação do local, objeto ou qualquer que seja o foco da pesquisa de campo. Para facilitar ou agregar maior valor ao foco de analise, é interessante treinar o olhar através de “teorias”, utilizando as palavras do autor: domesticação teórica de seu olhar. Ou seja, utilizamos o olhar para “carregar” as informações necessárias do ambiente que iremos estudar ou analisar, podendo a realidade sofrer um processo de refração (imagem óptica).

Mas as pesquisas de campos não são feitas somente pela observação, Oliveira destaca a questão de “ouvir” como sua segunda ordem na investigação. Ou seja, um complemento para o olhar e ferramenta necessária para distinguir aquilo que precisamos daquilo que, no momento, não é tão importante ou interessante. Neste caso, o ouvir serve também, como um delimitador ou um diferenciador entre “idiomas culturais”. Por “idiomas culturais”, entendo que o autor esteja se referindo às diferenças culturais,

comportamento, ambiente, linguagem, costumes e entre outros aspectos que possam diferenciar o pesquisador do indivíduo a ser estudado. O “ouvir” para o antropólogo, se torna algo único para definir as limitações entre pesquisador-informante e de uma exposição não dialógica. Por exposição não dialógica, creio que seja uma exposição aonde não ocorra discussão, algo sem debates. É neste sentido que aparece o termo “entrevista”, muito utilizado pelo autor.

Compreendi que o pesquisador tem que ser o mais neutro possível, que às vezes, ele pode acabar tendo uma atitude autoritária ou não, dependendo do modo de abordagem do mesmo, Quando Oliveira refere-se que o pesquisador e o informante devem ter diálogos iguais para não contaminar o discurso de um com os elementos do outro, posso entender a relação entre eles, ou seja, é neste momento que ocorre a interação social. Para isto, o autor da o nome de observação participante.

O foco principal do autor foi a escrita, terceira e mais importante ferramenta para a pesquisa em campo e etapa final do trabalho do antropólogo ou das ciências sociais. Nesta fase que o trabalho adquire o aspecto crítico. No decorrer do texto, Oliveira diz que é o escrever que cumpre a alta função cognitiva. Pelo que entendi, isto ocorre porque é neste momento que juntamos o processo de “olhar” e de “ouvir” para textualizar os fatos, para argumentar e comunicar. Entendi que é através da escrita que ocorre a autonomia do pesquisador, que é neste momento que ocorre a sua interpretação sobre o que foi analisado, uma representação coletiva.

Além da questão de escrever, Oliveira destaca três tipos de produções monográficas, que são: monografia clássica (que pode ser fragmentada), monografia moderna (mais delimitada, um tema específico que abrange a sociedade ou cultura) e a monografia experimental (que trás um aspecto mais íntimo do (a) autor (a), sendo escrita na primeira pessoa e trazendo contribuições para a teoria social).

Por fim, consigo concluir que, apesar de serem ferramentas que usamos diariamente, treinar o olhar, o ouvir e o escrever, pode facilitar a pesquisa em campo. Estes fundamentos estão ligados com o sistema de ideias e valores de cada um e a aplicação da prática dos mesmos poderá ser útil para qualquer área. A investigação empírica, do “estando lá” e “estando aqui”, sendo respectivamente, o olhar e o ouvir com a escrita, que definem estes atos cognitivos em campo.

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