Sobre o blog

Blog que retrata sobre os mais diversos
assuntos de Psicologia e suas abordagens.
Acadêmicos: Alessandra Schindler,
Giane Assmann, Luciane Pillar e Mateus
Kratz.






domingo, 29 de novembro de 2015

Henri Wallon

 
Por Luciane Pillar
 
 
 


                                       Escola e infância -Teoria de Wallon



“A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos dirigidos a elas."
 
 
 “O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna.”


Henri Wallon nasceu em Paris, França, em 1879. Graduou-se em medicina e psicologia. Fez também filosofia. Atuou como médico na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ajudando a cuidar de pessoas com distúrbios psiquiátricos. Em 1925, criou um laboratório de psicologia biológica da criança. Quatro anos mais tarde, tornou-se professor da Universidade Sorbonne e vice-presidente do Grupo Francês de Educação Nova - instituição que ajudou a revolucionar o sistema de ensino daquele país e da qual foi presidente de 1946 até morrer, também em Paris, em 1962.



Ao longo de toda a vida, dedicou-se a conhecer a infância e os caminhos da inteligência nas crianças. Militante de esquerda, participou das forças de resistência contra Adolf Hitler e foi perseguido pela Gestapo (a polícia política nazista) durante a Segunda Guerra (1939-1945). Em 1947, propôs mudanças estruturais no sistema educacional francês. Coordenou o projeto Reforma do Ensino, conhecido como Langevin-Wallon - conjunto de propostas equivalente à nossa Lei de Diretrizes e Bases. Nele, por exemplo, está escrito que nenhum aluno deve ser reprovado numa avaliação escolar.


Em 1948, lançou a revista Enfance, que serviria de plataforma de novas ideias no mundo da educação - e que rapidamente se transformou numa espécie de bíblia para pesquisadores e professores. Wallon propunha uma concepção mais integrada com ênfase nos aspectos emocionais e afetivos.



Suas ideias são fundamentadas em quatro elementos básicos que interagem o tempo todo: afetividade, movimento, inteligência e a formação do eu como pessoa. Militante apaixonado (tanto na política como na educação), dizia que reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir. Ou seja, "a própria negação do ensino".


Atualmente é comum pensar que a escola deve proporcionar formação integral (intelectual, afetiva e social) às crianças. Porém, no início do século passado, essa ideia foi uma verdadeira revolução no ensino comandada por Wallon. Sua teoria pedagógica, que diz que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro, abalou as convicções numa época em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento. Wallon acredita que as emoções tem papel importante no desenvolvimento da pessoa. Através das emoções que o aluno expressa seus desejos e suas vontades em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.


Diferentemente dos métodos tradicionais (que priorizam a inteligência e o desempenho em sala de aula), a proposta walloniana põe o desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais humanizada. A abordagem é sempre a de considerar a pessoa como um todo. Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano. As atividades pedagógicas e os objetos, devem ser trabalhados de formas variadas. Numa sala de leitura, por exemplo, a criança pode ficar sentada, deitada ou fazendo coreografias da história contada pelo professor. Os temas e as disciplinas não se restringem a trabalhar o conteúdo, mas a ajudar a descobrir o eu no outro. Essa relação dialética ajuda a desenvolver a criança em sintonia com o meio.
 
Abaixo temos um vídeo explicando um pouco melhor sobre Wallon e sua teoria:

 





Referência


SANTOS, Fernando Tadeu. Henri Wallon. Disponível em: <
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/henri-wallon-307886.shtml#> Acesso em: 28/11/2015.

Piaget e Vygotsky

Por Giane Assmann

                           Teóricos importantes para a Psicologia do Desenvolvimento 
 
 
 
Jean Piaget (1896-1980) investigador mais influente na área de psicologia do desenvolvimento no séc. XX, acreditava que a capacidade do ser humano de ter pensamentos simbólicos e abstratos era o que o diferenciava dos animais. Acreditava também que as pré-condições para o desenvolvimento cognitivo era de responsabilidade da maturação biológica, Piaget, baseia a sua teoria em dois aspectos principais: 1º é o processo de conhecimento e o 2º são as etapas que o indivíduo passa até adquirir essas habilidades. O sujeito tem seu comportamento controlado através de “esquemas” que são organizações mentais que ele mesmo cria para representar o mundo e indicar as ações, para isso é guiado por uma orientação biológica para que possa obter um equilíbrio entre esquemas e o ambiente em que se encontra ( equilibração), com isso podemos perceber que se ocorrer um desequilíbrio este será a motivação para que ocorra alterações nas estruturas mentais do indivíduo.
Descreve ainda dois processos que o sujeito utiliza para que ocorra sua adaptação, são eles: assimilação que é o processo de moldar novas informações e encaixar nos esquemas já existentes e acomodação que é a mudança que ocorre nesses sistemas já existentes pela alteração das formas antigas de pensar e de agir.
Classifica da seguinte forma os Estágios de Desenvolvimento:
 
  • Estágio sensório-motor (do nascimento até 2/3 anos), é quando a criança desenvolve os “esquemas de ação” sobre o objeto, o que lhe permite obter um conhecimento físico da realidade. Nessa fase a criança constrói esquemas sensórios-motores o que lhe da a capacidade de fazer imitações e com isso construir representações mentais mais complexas.
     
  • Estágio pré-operatório (dos 2/3 anos aos 6/7 anos), etapa em que a criança começa a construir a relação causa e efeito, e também as simbolizações. Conhecida como a idade dos porquês e do faz de conta.
     
  • Estágio operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos), etapa em que a criança começa a construir conceitos, através de uma sustentação lógica , constrói o conceito de números. Seu pensamento já pode ser considerado lógico, mas ela ainda esta presa a conceitos concretos.
     
  • Estágio operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos), fase já da adolescência aonde ele já constrói pensamentos abstratos, já possui diferentes pontos de vista e já é capaz de pensar cientificamente.
Lev Vygotsky – Sua teoria é baseada no desenvolvimento cognitivo e tem raízes na teoria marxista do materialismo dialético, ou seja as mudanças históricas da sociedade geram mudanças na natureza humana. Para Vygotsky o desenvolvimento humano ocorre pela participação do sujeito nas atividades sociais, e que são as estruturas sociais que ocasionam o desenvolvimento das funções mentais. Salientava que as crianças se desenvolviam muito mais com brincadeiras e jogos, de instruções formais e do relacionamento de um aprendiz com outro aprendiz com mais experiência . Ele acreditava que desenvolvimento cognitivo dependia mais das interações pessoais e dos instrumentos ( reais, papel, caneta, computador) do mundo da criança. Pressuposto básico de sua teoria é a de que a criança entra em contato com o social ( e nisso ocorre o nível interpessoal), e após isso ela entra em contato com ela própria ( nível intrapessoal).
 
 
Os Princípios da análise de desenvolvimento de Vygotsky são:
  • Filogenético – a espécie humana com sua própria história
  • Ontogenético – a própria história do sujeito
  • Sociogenético - deve-se levar em consideração a relação sócio cultural do sujeito.
  • Microgenético – cada sujeito tem seu tempo exato de desenvolvimento.
 
 
Ressalta então que o desenvolvimento humano acontece de fora para dentro, ou seja o fato de eu aprender faz com que eu me desenvolva e este caminho está ligado com o fator cultural. Considerando então a mediação como fator central para a psicologia de Vygotsky é necessário que os professores, supervisores, educadores, etc. compreendam que todos são modificáveis através da mediação.
 
Referência
 
 
PRADO, Elisangela do. Resumo sobre as teorias de Piaget e Vygotsky. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABeA8AJ/resumo-sobre-as-teorias-piaget> Acesso em 28/11/2015.

sábado, 28 de novembro de 2015

Introdução a Psicologia do Desenvolvimento Infantil

Por Alessandra Schindler



                                           


                      Introdução a Psicologia do Desenvolvimento Infantil



A Psicologia do Desenvolvimento é conhecida por estudar as alterações que ocorrem no ser humano no decorrer de sua vida, ou seja, desde o momento da gravidez, nascimento até a morte. De acordo com esta psicologia, acredita-se que passamos por fases, etapas ou estágios de desenvolvimento que é comum para todos.


Os principais teóricos e suas abordagens desta psicologia são:


Jean Piaget - Métodos piagetianos e clínicos - estágios cognitivos. Foco na organização, adaptação, esquemas, assimilação e acomodação; Teoria da Equilibração - visão interacionista.


Henri Wallon - Psicogênese da pessoa, procura estudar o desenvolvimento humano a partir de uma perspectiva genética/análise comparativa. A criança como centro e o desenvolvimento humano é visto em conjunto/estudo integrado. 
 

Lev Vygotsky - Psicologia Cognitiva, experimental com a neurologia e a fisiologia - processos mentais superiores. O desenvolvimento ocorre em relações de troca com o meio devido a interação e mediação social. 


John Bowlby - Teoria do Apego - Psicologia Cognitiva e psicanálise. Enfatiza o apego da criança com a mãe ou figura de apego, a importância da infância na constituição do psiquismo humano/determinismo implícito.
 

Urie Bronfenbrenner - Método bioecológico - pessoa + ambiente. Aborda a influência de políticas públicas no desenvolvimento da criança e família, estuda os indivíduos em seus próprios contextos.
 

David Bjorklund e Anthony Pellegrini - Piscologia Desenvolvimentista Evolucionista: foco na bioevolução, relação entre o comportamento e o desenvolvimento humano de acordo com os genes.
 
Vídeo explicativo sobre a Psicologia do Desenvolvimento:
 

 




Referências



VYGOTSKY, Lev. A formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.


RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano. Disponível em
http://www.josesilveira.com


MARTINS, Edna. SZYMANSKI, Heloisa. A abordagem ecológica de Urie Bronfenbrenner em estudos com família. Estud. pesqui. psicol. v.2004 n.1 Rio de Janeiro jun. 2004.


MARTINS, Gabriela Del Forno; VIEIRA, Mauro Luís. Desenvolvimento humano e cultura: integração entre filogênese, ontogênese e contexto sociocultural. Rev. Estudos de Psicologia, 15(1), Jan-Abr/2010, 63-70.



VIEIRA, Mauro Luís; PRADO, Alessandra B. Abordagem evolucionista sobre a relação entre filogênese e ontogênese no desenvolvimento infantil. Texto publicado no livro: “O bebê do século XXI e psicologia em desenvolvimento” (pp. 155-204), organizado por Maria Lucia Seidl-de-Moura e publicado pela Editora Casa do Psicólogo.

Brincar

Por Alessandra Schindler



                                     


                                                   A importância do brincar na infância

A importância do brincar na infância tem gerado inúmeras discussões devido aos aspectos socioculturais, políticos e econômicos que o mundo tem sofrido nas últimas décadas. Segundo Arquimedes, brincar é condição fundamental para ser sério.

A arte ou ato de brincar é universal, todos os bebês e crianças brincam, o que muda são as abordagens, objetos utilizados e a inserção cultural que elas se encontram. Segundo Kishimoto, a criança vive em um mundo de fantasia, encantamento, alegria e sonhos, onde a realidade e a imaginação se confundem. De acordo com a autora (1995, p.5):

“A concepção de brincar como forma de desenvolver a autonomia das crianças requer um uso livre de brinquedos e materiais, que permita a expressão dos projetos criados pelas crianças. Só assim, o brincar estará contribuindo para a construção da autonomia. ”



Pular, correr, brincar de faz-de-conta, jogos de tabuleiros, danças, mímicas, música e muitas outras brincadeiras são fundamentais para desenvolver a criatividade, conhecimento, raciocínio, caracterizando-se por ser uma fonte de desenvolvimento e aprendizado, mas de forma espontânea, relaxada e sem pressão.


A preocupação nos dias atuais é que devido o avanço da tecnologia, boa parte da população jovem participa de brincadeiras que envolvem somente apertar botões ou deslizar o dedo na tela, que é o caso dos tablets e celulares. Desta forma elas não apresentam uma estimulação para a criatividade, simplesmente ficam seguindo o comportamento automático – aperta, desliza, aperta. Outro ponto identificado como problemático, é a dificuldade de escrita que as crianças poderão apresentar futuramente.


Em suma, aprender brincando é uma ótima forma de estimular as crianças de forma prazerosa em relação ao aprendizado. É através das brincadeiras que aprendem a ganhar ou perder, a terem mais paciência, autonomia, liderança, trabalhar em grupo e até mesmo a conseguir lidar melhor com as frustrações que podem ocorrer durante sua vida.
 
Segue abaixo um vídeo da Profª Tisuko Kishimoto da USP, explicando um pouco melhor sobre a importância do brincar.

 




Referências



FANTACHOLI, Fabiane das Neves. O brincar na educação infantil: jogos, brinquedos e brincadeiras - um olhar psicopedagógico. Disponível em: <http://revista.fundacaoaprender.org.br/index.php?id=148> Rev. Científica Aprender 5ª ed. 2011.


SILVA, Suelen S. M. SOUZA, KAROLINNE S. ALVES, AIRTON A. A. LOBATO, ALINE DE SOUZA. CARVALHO, ROBSON DE MELO. CHAGAS, KADYDJA KARLA N. A importância do brincar na infância para a formação da vida. Disponível em: <http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/viewFile/4512/2690> VII CONNEPI, 2012.

Alienação parental

Por Giane Assmann


 

Síndrome da Alienação Parental

Nos dias atuais é praticamente normal nos esbarrar em casais se separando, e a síndrome da alienação parental ( cunhado por Richard A. Gardner, nos anos 80, se referindo a um distúrbio que a criança cria com a separação dos pais, e acaba por repudiar um dos pais sem nenhuma justificativa aparente ), acaba como consequência dessa separação.


Nesses casos um dos pais acaba por estimular a criança a odiar um de seus genitores, geralmente isso ocorre na época das brigas informais ou judicias da separação que são levados por motivos de raiva pelo “abandono” do parceiro e com isso consequentemente tenta com formas e estratégias diferentes convencer o filho de que o outro não presta, com o objetivo de destruir seus vínculos afetivos com o outro genitor.


No Brasil cerca de 95 a 98 %da guarda de filhos de menor é destinado a figura materna, então geralmente esse ‘alienador” é a mãe . A Lei 12,318/2010 considera-se:

Art. 2º- Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.


Ou seja, é considerado alienação parental qualquer tipo de desqualificação de conduta que se faça em relação ao outro cônjuge com o intuito de dificultar o relacionamento familiar, de autoridade, e de confiança deste com a criança, como também é proibido omitir desse genitor informações sobre a criança, ( processos escolares, mudança de endereço, informações sobre a saúde ) qualquer ato que tenha como intuito dificultar esse relacionamento tanto com o genitor e com seus familiares.


Identificar essa Síndrome de Alienação Parental, não é tão fácil, visto que ela afeta cada sujeito de forma diferente, para isso será necessário uma abordagem terapêutica para a criança e para seus genitores. A criança alienada apresenta sentimentos de ódio ou raiva constantemente contra o seu genitor podendo até apresentar esses mesmos sintomas contra a família do mesmo, com recusas em visitas, não querendo entrar em contato com eles e muito menos lhes dedicar atenção, com medo de que lhes farão algum tipo de mal, isso ocorre porque essa criança adotou uma postura submissa para com o que cônjuge alienador determina, ou seja ela fica receosa de perder o amor dessa única pessoa que “gosta e cuida” dela, ou até por medo de receber um castigo por conta disso.


Essas crianças vítimas da Síndrome de Alienação Parental apresentam quadros de depressão crônica, transtorno de identidade e de imagem, sentimento de culpa, incapacidade de adaptação em ambientes psicossocial normal, sentimento de isolamento, comportamento hostil, dupla personalidade e as vezes suicídio.


Seria insensato não falar das marcas hostis que a alienação parental deixa no filho (a), marcas essas cheias de ódio, insegurança e tristezas, principalmente em crianças e adolescentes, quando esses são totalmente indefesos no meio de brigas e disputas de guarda de seus pais.


A Criança precisará nessa fase conturbada de acompanhamento psicológico, porém caberá ao poder judiciário, que por sua vez precisará de um olhar mais sensível para assim identificar a melhor forma de resolver a briga por essa guarda de forma que prese sempre pela tranquilidade e segurança da criança ou adolescente.

Referências

MEDEIROS, Antônio G. A. Pimentel de. Síndrome da alienação parental e saúde mental da criança: causas e seus efeitos. Disponível em: <https://psicologado.com/atuacao/psicologia-juridica/sindrome-da-alienacao-parental-e-saude-mental-da-crianca-causas-e-seus-efeitos > Acesso em 28/11/2015.


PRADO, Adriana Ribeiro. Lei 12.318/10 - uma análise da lei da alienação parental. Disponível em: <
http://adrianaribeiroprado.jusbrasil.com.br/artigos/185391957/lei-12318-10-uma-analise-da-lei-da-alienacao-parental> Acesso em: 28/11/2015.


TOSTA, Marlina Cunha. Síndrome de alienação parental: a criança, a família e a lei. Disponível em: <
http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2013_1/marlina_tosta.pdf > Acesso em: 28/11/2015.

A importância do pai no desenvolvimento infantil em famílias heterossexuais

Por Alessandra Schindler

 
 
 
 
 
 
  A importância do pai no desenvolvimento infantil em famílias heterossexuais


Paternidade, segundo o dicionário Aurélio, significa “qualidade ou condição de pai”. Essa sensação de “ser pai” começa no momento em que se escuta: “estou grávida”, “deu positivo” e então o mundo parece ficar em câmera lenta, uma parte sua fica em estado de euforia, muitas vezes a voz não sai (claro que depende de cada caso). Quando o bebê nasce então, o choro lembra um sorriso e ao mesmo tempo o sorriso é o choro, parece que a “ficha demora para cair” de tantas emoções, sentimentos e pensamentos que são tomados nesta hora. É claro que essas sensações variam de pessoa para pessoa, da situação em que se encontram, do seu contexto em geral.


Segundo o Instituto Promundo, 80% dos homens no mundo serão pais biológicos[1]. De acordo com o relatório do Instituto, “Situação da Paternidade no Mundo”, a participação masculina resulta em maior equidade de gênero e na possibilidade de as mulheres participarem mais do mercado de trabalho. O que remonta para a “condição” de ser pai e todo seu contexto histórico dentro da sociedade. A condição de ser pai está relacionada as transformações culturais, sociais e evolutivas da época. Mas até que ponto a presença e contato afetivo do pai interfere no desenvolvimento infantil?


Hoje em dia sabe-se que a interação e vínculo entre o pai e o (a) filho (a), tem um papel importante no desenvolvimento cognitivo e social, que ajuda na aprendizagem e nas relações interpessoais da criança. A relação estabelecida entre os pais e os filhos é fundamental para a vida adulta e as possíveis relações sociais. A ausência do pai pode, muitas vezes, acarretar um sentimento de rejeição por parte da criança e, na fase adulta, pode levar a casos de agressividade e violência.


O pai desempenha um papel complexo e, na maioria das vezes, multidimensionais que influenciam nos padrões de comportamento de forma indireta. É uma função social que se adapta às transformações da cultura. Os homens estão assumindo uma nova identidade devido as transições sociais e isto afeta diretamente nos cuidados dos filhos (Cabrera, Tames-LeMonda, Bradley, Hofferth & Lamb, 2000; Coley, 2001; Bertolini, 2002; Brandth & Kvande, 2002; Dantas, Jablonski & Féres-Carneiro, 2004; Tiedje, 2004).


Infelizmente, existem poucas pesquisas e/ou literaturas relacionadas a relação pai-filho, o foco geralmente é a mãe. Através das fontes coletadas, podemos concluir que a presença do pai em uma família estruturada como tal, ou seja, onde os pais não são divorciados, onde não são homoafetivos[2] e quando não existem outros cuidadores, é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança.


Para finalizar, segue abaixo um documentário intitulado “O Começo da Vida”, ele ainda não foi divulgado mas existem alguns trailers disponíveis. Este que estamos disponibilizando no blog fala sobre a parte dos Pais.





Notas

[1] http://promundo.org.br/recursos/a-situacao-da-paternidade-no-mundo-2015/


[2] Em relação aos casos citados acima, abordaremos sobre os assuntos em outras postagens.




Referência



CANES, Michèlle. Participação do pai na criação dos filhos melhora desenvolvimento infantil. Disponível em: <
http://www.ebc.com.br/noticias/2015/07/importancia-do-pai-na-criacao-dos-filhos-e-destacada-em-seminario-na-camara> Fonte Agência Brasil.


BENCZIK, Edyleine B. Peroni. A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v28n85/07.pdf>. Rev. Psicopedagogia, 2011; 28 (85): 67-75.


Fundação Maria Ceciclia Souto Vidigal. Pela primeira infância. Disponível em: <
https://www.youtube.com/user/FMCSV>.


CIA, Fabiana, WILLIAMS, Cavalcanti A. AIELLO, Ana L. Rossito. Influências paternas no desenvolvimento infantil: revisão da literatura. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v9n2/v9n2a05.pdf.>. Psicologia Escolar e Educacional, 2005, volume 9 nº 2, pag. 225-233.

Parentalidade: condições, responsabilidades e desenvolvimento

Por Giane Assmann



                                




                Parentalidade: condições, responsabilidades e desenvolvimento




Segundo a Onu/Unicef a responsabilidade de prover as condições básicas de sobrevivência do recém-nascido é de responsabilidade de seus progenitores ou cuidadores primários, para que assim a criança tenha assegurado seu desenvolvimento psicológico, físico e social. Então através dessa abordagem da Convenção dos Direitos da Criança poderemos entrar no conceito de parentalidade, ou seja, um conjunto de cuidados no sentido de assegurar o desenvolvimento e sobrevivência do bebê e que este seja em ambiente seguro e que seu cuidador proporcione a criança uma socialização para que esta venha a se tornar mais autônoma.

Não podemos em hipótese alguma esquecer que o contexto que definirá se a parentalidade é de fato suficiente, será o âmbito em que ela está socialmente construída, visto que disso depende as crenças culturais e as impressões subjetivas relacionadas ao contexto, pois a parentalidade difere de cultura para cultura em especial a interdependência e dependência. Bronfenbrenner e de Belsky indicam que existe 11 dimensões de parentalidade, subdivididas em 3 atividades parentais que seriam conforme quadro abaixo.

 
                        



Atividades parentais são a conglomeração de atividades indispensáveis para que ocorra uma parentalidade suficientemente adequada, (cuidados físicos, emocionais e sociais, controle e disciplina, desenvolvimento). Seu objetivo é assegurar que a criança não sofra com as adversidades bem como auxiliar em situações positivas que irão acontecer no decorrer de sua existência. Quanto ao nível físico os pais deverão lhes garantir alimentação, higiene, proteção etc., já no nível emocional, entra em questão as atitudes de respeito pela criança como indivíduo, como suas emoções integram seu comportamento.


Podemos entender a parentalidade como uma interação positiva e sólida entre a criança e o ambiente (físico e interpessoal), proporcionando um laço seguro e previsível e dando uma orientação otimista em relação a novas experiências. A qualidade de vinculação (segura, insegura ou desorganizada) é de suma importância no desenvolvimento da criança, bem como a relação afetiva (carinhosa ou rejeitante).


Quanto aos cuidados sociais, a sua intenção é a de garantir que a criança não seja isolada dos seus pares ou adultos no curso do seu desenvolvimento. Estas seriam as operações que os pais deveriam efetuar com os seus filhos desde o nascimento, incluindo o estímulo parental para o cumprimento de determinadas atividades pela criança, bem como supervisionar esses desempenhos para assegurar que os seus comportamentos estejam “dentro de limites razoáveis”.


No termo controle e disciplina, a imposição de limites dependerá das expectativas culturais e pessoais dos próprios pais, por exemplo se ir a escola é uma atividade “inegociável”, e brincar na rua por tempo indeterminado é “negociável”, pode ser porque eles passaram isso na infância, mas esse assunto sempre gerou “ variações de opinião”, pois cada um dos pais carrega uma “bagagem emocional”, com relação ao que deve ou não ser negociado.


Mesmo entre os teóricos não existe um consenso em relação aos níveis e tipos de limites próprios para uma criança. As Atividades de Desenvolvimento são acompanhada pelos desejos dos pais de que a criança desenvolva todo o seu potencial em todas as áreas de sua vida. Áreas funcionais estão relacionadas aos principais aspectos do funcionamento da criança, (saúde física, saúde mental, comportamento social, funcionamento educativo e intelectual).


Nessa área se envolverão elementos que se ligam com o desenvolvimento da criança e precisam da atenção parental, ex. o estado físico da criança, o seu bem-estar, as suas necessidades de sobrevivência. Aqui a parentalidade é essencial para a prevenção de danos e para proporcionar a criança um crescimento positivo. Quanto ao comportamento social infantil, os pais devem facilitar esse crescimento com respostas apropriadas para o reconhecimento e a aprendizagem das normas culturais e comportamentais, da sociedade em que vivem.


Quanto aos elementos relacionados a saúde mental eles são constituídos por pensamentos, sentimentos e comportamentos que a criança manifesta em relação a si própria e aos outros. Aqui poderá ser observado depressão ou problemas de comportamento, quando essas ocasionam um impacto importante das práticas educativas dos pais/cuidadores na resiliência da criança. E pré-requisitos, relativo ao conjunto de peculiaridades importantes para o desenvolvimento da parentalidade (conhecimentos e compreensão, recursos, motivação, oportunidades).


Os pré-requisitos de conhecimento e compreensão estão, de certa forma, interligados com a motivação, pois o conhecimento, por si só, poderá ser ineficaz se não for traduzido em ação. Essa motivação também pode ter seu lado positivo ou negativo, depende muito das questões de identidade ligada aos progenitores. Quanto aos recursos refere-se as abordagens interativas que os pais terão com as crianças, programas parentais informais, redes sociais, recursos materiais, ou seja, como eles preferirão interagir. Em relação a oportunidade inclui-se o tempo em que os pais irão dedicar para o desenvolvimento dessa parentalidade, a onde se destaca o envolvimento profissional de ambos que poderá acarretar menos tempo para com o filho.


Essas são as diferentes condições que envolvem ou que deveriam envolver um processo de parentalidade saudável, é possível observar a complexidade englobada neste processo. Pois é humanamente impossível uma criança desenvolver-se sozinha, são os pais que conduzem o seu meio de crescimento e desenvolvimento.




Referência



Fundamentos da família como promotora do desenvolvimento infantil: parentalidade em foco/ organizadores Gabriela Aratang Pluciennik, Márcia Cristina Lazzari, Marina Fragata Chicaro. -- 1. ed. -- São Paulo: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal - FMCSV, 2015. Vários autores Bibliografia ISBN 978-85-61897-16-1

Ausência paterna no desenvolvimento infantil

Por Giane Assmann

 
 


               Ausência paterna no desenvolvimento infantil e suas consequências



Nos dias atuais e devido as grandes modificações da estrutura familiar, visto que a principal teoria de desenvolvimento tem sua base na família tradicional, esse assunto acabe se tornando muito complexo, tentaremos através desse breve fichamento examinar qual é o impacto que isso causa no desenvolvimento psicológico, intelectual e comportamental de uma criança.


Freud, em seu trabalho Uma Lembrança da Infância e Leonardo da Vinci, diz: “ Na maioria dos seres humanos, tanto hoje como nos tempos primitivos, a necessidade de se apoiar numa autoridade de qualquer espécie é tão imperativa que seu mundo desmorona se essa autoridade é ameaçada”. Segundo Fishman, de 56 milhões de famílias norte americanas, apenas 16,3% são famílias convencionais. E o número de crianças que vive em uma família com somente um dos genitores é de 20 a 50% do número total de famílias, e estas normalmente são chefiadas por mulheres divorciadas ou separadas.


Ferrari, em seus estudos muito contribuiu para esse assunto, pois afirma a existência de uma necessidade inata de filiação materna e paterna dos seres humanos, relata o autor ainda “que os filhos têm a necessidade de saber porque o pai não convive com eles, mas precisa ouvir isso da boca do próprio pai “ e não da interpretação da mãe ou de parentes. Aborda também a delicadeza de pais substitutos, pois esses podem também se afastarem deixando a criança outra vez com a sensação de abandono, como se fosse ele o culpado outra vez, aumentando sua sensação de orfandade.


Essas situações se tornam mais delicadas quando a mãe possui relacionamentos rápidos e instáveis. Relata ainda o autor que se precisa levar em conta a hesitação da criança em aceitar ou não esse pai substituto, pois essa busca da mãe pode soar como traição ,o que ocasionará na criança cada vez mais o desejo de conhecer seu genitor, pois a mesma sentira um vazio que é formado por ela não se sentir amada pelo genitor ausente. Ela acaba se sentindo desvalorizadas, podendo ter pensamentos do tipo: “ criança má, motivo da separação dos pais, etc “, e isso poderá acarretar reações como violência, melancolia, agressividade, depressão, tristeza e timidez. Ou seja, a criança pode se retrair, se fechar em si, ou se tornar vingativa com condutas antissociais.


Segundo Ferrari, “ os fracassos escolares, problemas de relacionamento e aprendizagem, na maioria dos casos tem como base as situações familiares. Como também pode ocorrer o inverso, com medo do abandono da mãe e para agradar aquela que sempre esteve ao seu lado, a criança poderá se tornar um ótimo aluno, uma pessoa de ótima convivência. Segundo o autor a importância da convivência na presença de ambos os pais é que permitirá a criança passar de forma natural os processos de diferenciação e identificação, pois a falta de um dos genitores acarretará uma sobre carga no outro ocasionando uma insegurança que poderá ocasionar um prejuízo na personalidade do filho. Relembra também que em alguns casos essa mãe poderá se apresentar para a criança, como uma supermãe e que poderá com isso anular a presença e personalidade da criança. Considera o autor que com a entrada na escola e com isso o surgimento de outros objetos de interesse, a criança poderá começar a competir e até se identificar, mas acredita que nem sempre essas compensações ocorridas mais tardes irão compensar a situação já internalizada na criança.


Após uma revisão da literatura a respeito do tema, será apresentado o resumo de um caso clínico em que essa questão e suas consequências permeiam a vida do paciente e, consequentemente, seu tratamento psicoterápico. Através desses três autores, conseguimos perceber que a ausência de um dos genitores, o que geralmente ocorre é a ausência paterna, é um grande potencial de produção de conflitos no desenvolvimento psicológico, cognitivo e de comportamento para a criança. Pesquisas científicas e teorias psicológicas comprovam que a figura paterna e de fundamental importância para o desenvolvimento e o psiquismo infantil, e a teoria psicanalítica relata que o pai possui papel estruturante na trama familiar, partindo da criação do complexo de édipo, ou seja o sujeito se constrói e sai do estado de natureza para adentrar na cultura.


Referência


EIZIRIK, Mariana; BERGMANN, David Simon. Ausência paterna e sua repercussão no desenvolvimento da criança e do adolescente: um relato de caso. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082004000300010> Rev. Psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.26 no.3 Porto Alegre Sept./Dec. 2004.
 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Depressão pós-parto: fator prejudicial ao bebê

Por Luciane Pillar



                                      




                              Depressão pós-parto: fator prejudicial ao bebê




A rede nacional de saúde tem voltado à atenção materna no que se refere ao cuidado humanizado à mãe e ao seu bebê. Visando favorecer o estabelecimento da relação saudável entre a dupla, mãe-bebê, além de prevenir que a mãe desenvolva a depressão pós-parto (DPP).


Conforme Moraes e cols. (2006), a DPP é um importante problema de saúde pública que afeta tanto a saúde da mãe quanto o desenvolvimento do seu filho. A perspectiva de cura ou melhora dos sintomas para a mãe que sofre de DPP é boa se o diagnóstico e o tratamento forem feitos precocemente (Klaus & cols, 2000), sendo esta uma ação de promoção da saúde.


A DPP refere-se aos sintomas que se iniciam da quarta a oitava semanas, podendo chegar a 52 semanas após o parto e que podem persistir por mais de um ano. A incidência de depressão materna varia de 10% a 16% das novas mães (Klaus, Kennel & Klaus, 2000). Os sintomas mais comuns na depressão pós-parto ocorrem próximo ao primeiro mês e são eles: irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança, falta de energia e motivação, falta de interesse nas relações sexuais, transtornos alimentares e do sono.


A ansiedade também é um sintoma muito comum e aparece em algumas mães como falta de afeto pelo bebê, autoacusação e sentimento de culpa. Na maioria das vezes as mães com depressão pós-parto apresentam sintomas psicossomáticos como cefaleia, dores nas costas, erupções vaginais e dor abdominal, sem causa aparente. Um quadro com um ou mais desses sintomas é normal, nesse período a mãe se dedica um pouco mais nos cuidados com o bebê. Porém, quando os sintomas são muitos e perduram por um período de semanas é sinal de que a mãe necessita de ajuda.


Segundo Klaus e cols. (2000), é importante distinguir o postpartum blues normal e a verdadeira depressão pós-parto, que afeta 80% a 90% das novas mães. Seguindo este esclarecimento Maldonado (2000) considera o puerpério como o “quarto trimestre” da gravidez, considerando-o um período de transição que dura por volta de três meses após o parto, acentuado em particular no primeiro filho.

Nesse período, a mulher torna-se especialmente sensível, muitas vezes confusa, até mesmo desesperada; a ansiedade normal e a depressão reativa são comuns. O postspartum blues mencionado é caracterizado por um curto período de emoções voláteis, que comumente ocorrem entre o segundo e o quinto dia após.


De acordo com Bowlby (1984) o vinculo da criança com a mãe é compreendido como comportamento de apego. O comportamento de apego é visto como aquilo que ocorre quando são ativados certos sistemas comportamentais como, chorar, balbuciar e sorrir, agarrar-se, sucção não nutritiva e a locomoção, tal como é usada para abordar, seguir e procurar. Desde uma fase inicial do desenvolvimento, cada um desses tipos de comportamento tem como resultado previsível a aproximação da mãe.


A maioria dos bebês com aproximadamente três meses de idade já respondem à mãe de um modo diferente, em comparação com outras pessoas. Quando vê sua mãe, o bebê sorri e vocaliza mais prontamente, seguindo com os olhos por mais tempo do que quando vê qualquer outra pessoa. Portanto, a discriminação perceptual está presente.


Quando o bebê encontra uma figura com disponibilidade para interagir consigo, com sensibilidade para interpretar e responder aos sinais enviados por ele, consegue desenvolver um satisfatório vínculo de apego. Consequentemente, desenvolverá sentimentos de autoconfiança, confiança no mundo e nas pessoas, bem como terá construído uma boa base para o desenvolvimento de sua autonomia enquanto sujeito particular (Souza, 2005).


Nenhuma forma de comportamento é acompanhada por sentimentos mais fortes do que o comportamento de apego. As figuras para as quais ele é dirigido são amadas, e a chegada delas é saudada com alegria. Enquanto uma criança está na presença incontestada de uma figura principal de apego, ou a tem ao alcance, sente-se segura e tranquila. Uma ameaça de perda gera ansiedade, e uma perda real, tristeza profunda; ambas as situações podem, além disso, despertar cólera (Bowlby, 1984).

Sabendo disso, reconhecer e tratar a depressão pós-parto torna-se imprescindível, já que a relação da mãe e seu bebê tem forte influência no desenvolvimento emocional e social da criança e geralmente persiste ao longo do ciclo vital.




Referências


SILVA, Vanessa V. P. da. Depressão pós-parto: fator prejudicial no vínculo mãe-bebê. Disponível em:
https://www.algosobre.com.br/psicologia/depressao-pos-parto-fator-prejudicial-no-vinculo-mae-bebe.html Acesso em: 27/11/2015.


Bowlby, J. (1984). Apego. São Paulo: Martins Fontes.



CRECCHI, Marcos. Depressão pós-parto. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=9vu2ScvlEhg> Acesso em 28/11/2015.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Borderline e a Teoria do Apego



Por Alessandra Schindler












O Borderline e a Teoria do Apego



O Transtorno de Personalidade Borderline ou Limítrofe é caracterizado pela sensação de abandono, rejeição, sentimento de vazio, impulsividade, relacionamentos instáveis e intensos, raiva, perturbação da identidade, alteração de humor e suicídio. Segundo o DSM-V, este transtorno surge na fase do jovem adulto e geralmente ocorre com maior predominância nas mulheres.[1] Hoje em dia, sabe-se que a infância tem papel fundamental no desenvolvimento do transtorno, principalmente quando envolvem episódios de abusos sexuais, rejeição pelas figuras parentais e/ou cuidadores e abandono, de forma que marca a criança até a sua vida adulta se não tiver acompanhamento psicológico. Com base nisso, pode-se observar uma ligação entre o Borderline e a Teoria do Apego de John Bowlby.


A Teoria do Apego tem como abordagem a psicanálise e a etologia (estudo do comportamento animal), resumidamente, a teoria de Bowlby aborda que o apego é parte essencial do desenvolvimento humano. Na fase infantil, a criança busca uma base segura na figura de apego (que pode ser a mãe, pai ou algum outro cuidador), ela busca proximidade e quando separada pode ocorrer protestos através do choro e gestos. Segundo Bowlby, o apego é qualquer forma de comportamento que resulta em uma pessoa alcançar e manter proximidade com algum outro indivíduo, considerado mais apto para lidar com o mundo (Bowlby, 1989, p. 38).


Como uma das características principais do Borderline é a sensação de abandono e rejeição, pode-se fazer uma relação entre o apego e a separação.[2] De acordo com Eppel, uma das características mais fundamentais da personalidade limítrofe é a busca por proximidade. A relação entre a figura de apego e a criança é o ponto fundamental para que ela consiga se desenvolver, principalmente no quesito afetivo e cognitivo visto que as pessoas tendem a criar representações internas dos relacionamentos de acordo com as interações das figuras de apego na infância.


Segundo Hoermann, essas representações influenciam no desenvolvimento da pessoa, nas interações sociais, expectativa em relação à sociedade e nas questões emocionais. No caso do Borderline, podemos classificar em grande maioria como sendo do tipo inseguro de apego, ou seja, as pessoas tendem a ter um relacionamento instável e intenso, seja com familiares, amigos ou conjugues (quando na fase adulta). Podem apresentar padrões de comportamentos evitativos, que cria como consequência a rejeição por parte do Borderline em relação a pessoa que ele tinha alguma afinidade, seja na fase infantil ou adulta. Também pode ocorrer o apego desorganizado, que é quando a criança ou adulto apresenta uma dualidade em suas ações, entre o querer e não querer, entre ter o apego ou a rejeição.


Sobre as figuras de apego, Hoermann afirma que:



[...] quando os cuidadores rejeitam, são frios e/ou inconsistentes, em resposta às necessidades das crianças (em vez de serem sempre acolhedores e reconfortantes), as crianças não veem os cuidadores como pilares calmos e seguros, e, posteriormente, desenvolvem representações mentais de relacionamentos como inseguros. [...} as crianças não aprendem efetivamente a regularem suas próprias emoções ou a acalmarem-se.


Naturalmente, não são todas as crianças que apresentam traços Borderline por ter tido algum tipo de comportamento inseguro ou que tenham sofrido algum trauma. Acredita-se que o ambiente, aspectos neurológicos e genéticos possam influenciar na possibilidade do transtorno de personalidade Borderline aparecer.


Portanto, conclui-se que as pessoas com o transtorno Borderline têm a tendência a ter o tipo de apego inseguro, apresentando dificuldades nos rompimentos de laços afetivos, comportamentos impulsivos, raiva, ilusões mentais, ações contraditórias e sentimentos de vazio. Segundo Bowlby, existe grande influência que a figura de apego exerce na vida do sujeito, podendo prepará-lo ou não a se adaptar ao mundo.


Notas

[1] American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.


[2] HOERMANN, Simone. Ph.D.; ZUPANICK, Corinne E. Psy.D.; DOMBECK, Mark, Ph.D. What is personality? Disponível em <www.mentalhelp.net/articles/what-is-personality>2013>.


Referências


EPPEL, Alan B. Uma visão psicobiológica da personalidade limítrofe. Disponpivel em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-81082005000300005&script=sci_arttext> Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.27 no.3 Porto Alegre Sep./Dec. 2005


American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.


WEST, Keller A M; LINKS, Patric J. P. Borderline disorder and attachment pathology. Can I Psychiatry, 1993; 38 (suppl.): S16-21.


HOERMANN, Simone. Ph.D.; ZUPANICK, Corinne E. Psy.D.; DOMBECK, Mark, Ph.D. What is personality? Disponível em <www.mentalhelp.net/articles/what-is-personality>2013>.