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Blog que retrata sobre os mais diversos
assuntos de Psicologia e suas abordagens.
Acadêmicos: Alessandra Schindler,
Giane Assmann, Luciane Pillar e Mateus
Kratz.






quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Reflexão Crítica - A dona da voz e a voz da dona

Por Alessandra Schindler
 
Durante a aula de Psicologia Social, a professora disponibilizou um texto da autora Mila Burns, falando sobe Dona Ivone Lara e foi uma das produções que mais me marcou durante essa matéria, sendo assim, gostaria de compartilhar uma reflexão crítica sobre o texto e essas duas mulheres fantásticas!
 
 


A dona da voz e a voz da dona – Mila Burns




Diferenças de gênero, contexto histórico, etnias, arte e música. A biografia de Dona Ivone Lara, trazida por Mila Burns, retrata a jornada desta mulher, a principal compositora de samba do Brasil. História fascinante que mostra as dificuldades e desafios de ser mulher naquela época (1940). Dona Ivone Lara, mulher, negra, “pobre” e órfã, demonstrou ser uma guerreira durante a sua trajetória.

Durante o texto, a autora destaca o modo de agir (estratégias), os sentimentos, sonhos e objetivos de Ivone, dando foco também, para as questões familiares que tiveram grande peso para muitas de suas decisões. Estas questões familiares é o que mais chamou a atenção. Considerando o contexto histórico não só da família, mas também do ambiente da época, o apoio que eles deram para que Ivone tivesse um futuro foi significativo para que ela conseguisse realizar o seu projeto de vida.

Pertencente de uma família que já estava ligada com a música, e o samba principalmente, se tornar uma compositora, apesar de não ter sido o foco principal dela quando jovem, a tornou uma pessoa apaixonada e curiosa pelas coisas da vida, e ao ter perdido seus pais quando era criança, fez com que ela se torna mais responsável (como ela própria afirma).

Um dos pontos mais interessantes sobre estes relatos, é a ideia de D. Ivone ter metas para ajudar a família, para ter um futuro, estabilidade e segurança. Percebe-se que sempre foi uma mulher dedicada, que nunca deixou de estudar, analisar e aproveitar as

coisas que estão a sua volta. Uma mulher forte que de um jeito ou de outro, sabe o que quer e os meios para chegar até seus objetivos.

Quando seu padrasto, Venino José da Silva, matriculou ela no Colégio Municipal Orsina da Fonseca (internato), sua perspectiva cultural mudou. Ela tinha contato com diversas classes sociais, etnias, costumes e hábitos diferentes que ajudaram a moldar a sua visão de mundo, permitindo que ela chegasse ao destaque na composição do Samba, atingindo todas pessoas, independente se era pobre ou rico, todos a escutavam (cultura popular e a alta cultura).

Pelo pouco que conheço de sua história, percebo que boa parte de suas dificuldades, se deram por ela ser mulher, e não negra. Naquela época estava ocorrendo a importância do fenômeno da mestiçagem, ou seja, o Brasil estava reconhecendo a influência negra em seu meio (Hermano Vianna). Tanto que, no início de sua carreira como compositora, D. Ivone usava o seu primo como intermediário de suas músicas.

Ela é uma mediadora entre os mundos existentes da sociedade ali exposta. Seu trabalho como compositora possibilitou a interpretação dos universos simbólicos distintos (o fato de que mulher não poderia fazer samba) com os diferentes campos de possibilidades. Ela participa de diferentes níveis de realidade que a influenciaram a ser esta grande mulher brasileira, pioneira e compositora.

Como a própria Dona Ivone Lara diz: o samba reinou a noite inteira de uma tal maneira que espantou a tristeza, provando que o samba de raça tem força e pureza, quem samba partido alto samba miudinho o faz com amor e carinho o corpo se libertando.



 
Referência
 
VELHO, Gilberto. Rio de Janeiro: cultura, política e conflito. Coleção Antropologia Social. Ed Zahar, 2008.
 

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