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Blog que retrata sobre os mais diversos
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Acadêmicos: Alessandra Schindler,
Giane Assmann, Luciane Pillar e Mateus
Kratz.






quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Borderline e a Teoria do Apego



Por Alessandra Schindler












O Borderline e a Teoria do Apego



O Transtorno de Personalidade Borderline ou Limítrofe é caracterizado pela sensação de abandono, rejeição, sentimento de vazio, impulsividade, relacionamentos instáveis e intensos, raiva, perturbação da identidade, alteração de humor e suicídio. Segundo o DSM-V, este transtorno surge na fase do jovem adulto e geralmente ocorre com maior predominância nas mulheres.[1] Hoje em dia, sabe-se que a infância tem papel fundamental no desenvolvimento do transtorno, principalmente quando envolvem episódios de abusos sexuais, rejeição pelas figuras parentais e/ou cuidadores e abandono, de forma que marca a criança até a sua vida adulta se não tiver acompanhamento psicológico. Com base nisso, pode-se observar uma ligação entre o Borderline e a Teoria do Apego de John Bowlby.


A Teoria do Apego tem como abordagem a psicanálise e a etologia (estudo do comportamento animal), resumidamente, a teoria de Bowlby aborda que o apego é parte essencial do desenvolvimento humano. Na fase infantil, a criança busca uma base segura na figura de apego (que pode ser a mãe, pai ou algum outro cuidador), ela busca proximidade e quando separada pode ocorrer protestos através do choro e gestos. Segundo Bowlby, o apego é qualquer forma de comportamento que resulta em uma pessoa alcançar e manter proximidade com algum outro indivíduo, considerado mais apto para lidar com o mundo (Bowlby, 1989, p. 38).


Como uma das características principais do Borderline é a sensação de abandono e rejeição, pode-se fazer uma relação entre o apego e a separação.[2] De acordo com Eppel, uma das características mais fundamentais da personalidade limítrofe é a busca por proximidade. A relação entre a figura de apego e a criança é o ponto fundamental para que ela consiga se desenvolver, principalmente no quesito afetivo e cognitivo visto que as pessoas tendem a criar representações internas dos relacionamentos de acordo com as interações das figuras de apego na infância.


Segundo Hoermann, essas representações influenciam no desenvolvimento da pessoa, nas interações sociais, expectativa em relação à sociedade e nas questões emocionais. No caso do Borderline, podemos classificar em grande maioria como sendo do tipo inseguro de apego, ou seja, as pessoas tendem a ter um relacionamento instável e intenso, seja com familiares, amigos ou conjugues (quando na fase adulta). Podem apresentar padrões de comportamentos evitativos, que cria como consequência a rejeição por parte do Borderline em relação a pessoa que ele tinha alguma afinidade, seja na fase infantil ou adulta. Também pode ocorrer o apego desorganizado, que é quando a criança ou adulto apresenta uma dualidade em suas ações, entre o querer e não querer, entre ter o apego ou a rejeição.


Sobre as figuras de apego, Hoermann afirma que:



[...] quando os cuidadores rejeitam, são frios e/ou inconsistentes, em resposta às necessidades das crianças (em vez de serem sempre acolhedores e reconfortantes), as crianças não veem os cuidadores como pilares calmos e seguros, e, posteriormente, desenvolvem representações mentais de relacionamentos como inseguros. [...} as crianças não aprendem efetivamente a regularem suas próprias emoções ou a acalmarem-se.


Naturalmente, não são todas as crianças que apresentam traços Borderline por ter tido algum tipo de comportamento inseguro ou que tenham sofrido algum trauma. Acredita-se que o ambiente, aspectos neurológicos e genéticos possam influenciar na possibilidade do transtorno de personalidade Borderline aparecer.


Portanto, conclui-se que as pessoas com o transtorno Borderline têm a tendência a ter o tipo de apego inseguro, apresentando dificuldades nos rompimentos de laços afetivos, comportamentos impulsivos, raiva, ilusões mentais, ações contraditórias e sentimentos de vazio. Segundo Bowlby, existe grande influência que a figura de apego exerce na vida do sujeito, podendo prepará-lo ou não a se adaptar ao mundo.


Notas

[1] American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.


[2] HOERMANN, Simone. Ph.D.; ZUPANICK, Corinne E. Psy.D.; DOMBECK, Mark, Ph.D. What is personality? Disponível em <www.mentalhelp.net/articles/what-is-personality>2013>.


Referências


EPPEL, Alan B. Uma visão psicobiológica da personalidade limítrofe. Disponpivel em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-81082005000300005&script=sci_arttext> Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.27 no.3 Porto Alegre Sep./Dec. 2005


American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.


WEST, Keller A M; LINKS, Patric J. P. Borderline disorder and attachment pathology. Can I Psychiatry, 1993; 38 (suppl.): S16-21.


HOERMANN, Simone. Ph.D.; ZUPANICK, Corinne E. Psy.D.; DOMBECK, Mark, Ph.D. What is personality? Disponível em <www.mentalhelp.net/articles/what-is-personality>2013>.

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